Por unanimidade, representantes do poder público e da sociedade civil aprovaram pela segunda vez em audiência pública as obras de construção do Centro Comercial Popular, o Camelódromo, que vai se localizar na avenida Silvio Botelho, no centro da capital. O encontro aconteceu na noite desta quinta-feira, 22, no auditório do Palácio 9 de Julho.
Mais de 70 pessoas participaram da audiência pública, a maioria composta por microempreendedores individuais que atuam no centro de Boa Vista, especialmente no Centro Comercial Caxambú. Foi dada oportunidade para as opiniões e várias pessoas se posicionaram favoráveis à obra, que vai contemplar mais de 400 pessoas com geração de emprego e renda.
Para o presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes de Roraima (Avarr), Reginaldo Oliveira, em tempos de crise financeira, uma obra como a do Camelódromo é algo bem visto pela classe, pois vai beneficiar diversas famílias de trabalhadores. “Esperamos com muita ansiedade para que [a obra] seja concluída logo, pois tudo o que nós queremos é um lugar para trabalharmos com dignidade”.
O haitiano Franknel Clairiser foi um dos que teve a palavra durante a audiência. Ele vive há três anos em Boa Vista e desde então vende produtos no Caxambu. Ele conta que ao saber da construção do Camelódromo, ficou muito animado, pois terá a oportunidade de ter um espaço melhor para comercializar seus produtos e assim garantir o sustento de sua família, que ainda se encontra no Haiti.
“Muitos de nós trabalham sob sol e chuva, buscando uma condição melhor para suas famílias. Tudo o que queremos é dignidade. E se tudo der certo [no Camelódromo], quero trazer minha família para Boa Vista, pois esta é uma cidade maravilhosa que nos garante muitas oportunidades de vida”, disse o vendedor.
As obras do Camelódromo foram suspensas em outubro do ano passado, a pedido do Ministério Público Estadual. Posteriormente, a Justiça de Roraima liberou a construção de 2% do Camelódromo para que os recursos do convênio com o Ministério da Defesa não fossem devolvidos. Porém, foram definidas algumas medidas relacionadas à obra. A audiência pública, então, foi um dos itens acatados pela Prefeitura de Boa Vista, que também incluía um Estudo de Impacto da Vizinhança (EIV) no local.
Segundo o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) e do Conselho Municipal da Cidade de Boa Vista, Sérgio Pillon, todos os requisitos exigidos pela Justiça foram cumpridos. Após a votação unânime na segunda audiência pública, caberá ao Judiciário determinar a continuidade das obras do Camelódromo.
“Seguimos nesta audiência o mesmo ritual da primeira. Convidamos a sociedade civil, representantes dos agentes públicos. Tudo foi devidamente exposto, os argumentos, os impactos, o relato da obra e, ao final, tudo foi colocado em apreciação. Isso vai originar uma ata, que vamos encaminhar ao Judiciário junto à relação dos participantes e o relato fotográfico, conforme a solicitação do Ministério Público. Só podemos aguardar o julgamento do mérito, para o bem dos trabalhadores e de toda a cidade de Boa Vista”.
O Camelódromo – Com área de 2.501,49 m², o novo centro comercial vai contar com 96 boxes, 14 lanchonetes, praça de alimentação e passeio público com acessibilidade. A proposta é de um espaço aconchegante que deve melhorar a qualidade de vida dos “camelôs”. Os microempreendedores devem também passar por uma capacitação voltada a boas práticas comerciais, a fim de estarem mais qualificados para os negócios.
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