A prefeita Teresa Surita recebeu nesta quarta-feira, 28, uma comitiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que veio a Boa Vista conhecer a situação vivida pelas famílias migrantes venezuelanas, sobretudo as crianças e adolescentes, em maior situação de vulnerabilidade. Na reunião, ocorrida no Palácio 9 de Julho, foram discutidas medidas que possibilitem maior apoio às ações promovidas pelo município aos migrantes.
Na reunião, a prefeita apresentou os dados referentes à presença venezuelana e como o município tem gerido a situação dentre de suas possibilidades. Atualmente, há cerca de 40 mil venezuelanos, representando aproximadamente 10% da população boa-vistense. Além disso, 15% das crianças em na rede municipal de ensino são venezuelanas.
Na área de saúde, a preocupação é ainda maior, quando há 18 notificações de casos de sarampo, sendo que seis já foram confirmados. Para a prefeita, é preciso avançar, mas somente com apoio do Governo Federal e de instituições parceiras isso será possível.
“O Unicef já é um grande parceiro da Prefeitura de Boa Vista no que se diz respeito à primeira infância. Nesta reunião, nós apresentamos a nossa realidade e discutimos medidas de como resolver a situação, que a cada dia fica mais difícil. O inverno se aproxima, há muitas pessoas nas ruas, há o risco de proliferação de doenças respiratórias. Ou seja, é preciso que algo seja feito e contamos com parcerias, como a do Unicef, para que cheguemos a uma solução satisfatória a todos”, disse a prefeita.
A prefeita também cobrou uma postura maior do Governo Federal, uma vez que o próprio presidente da República, Michel Temer, esteve em Boa Vista com seus ministros verificando in loco a situação. Uma das medidas necessárias que, segundo Teresa, deve ser feita urgentemente é a barreira sanitária na fronteira, pois do contrário, coloca o Estado em situação de extrema vulnerabilidade.
“Nós estamos pedindo isso há um ano e meio do Governo Federal. Se estivesse funcionando, não teríamos problemas como os casos de sarampo. Não há explicação para não haver atualmente um controle na entrada dessas pessoas, onde sejam imunizadas. Nós estamos vacinando. Implantamos até uma sala dentro da Polícia Federal para as vacinações. Atuamos também nas praças, mas só isso não adianta. É preciso o controle na fronteira”.
A comitiva do Unicef estará em Boa Vista até sexta-feira, visitando abrigos, praças e todas as localidades onde haja famílias venezuelanas. Também passou por Pacaraima e após a visita no Estado, retornarão a Brasília apresentando um relatório, para que sejam tomadas as medidas necessárias.
Na visão da diretora do escritório da Unicef no Brasil, Florence Bauer, a situação vivida em Boa Vista em relação aos migrantes venezuelanos não é apenas um problema regional, mas também nacional, uma vez que o governo brasileiro tem a prerrogativa de trazer a melhor solução. No entanto, o Unicef vai oferecer apoio aos municípios roraimenses.
“Os municípios de Boa Vista e Pacaraima estão fazendo o seu papel, prestando o atendimento necessário às famílias venezuelanas, mas é uma demanda que aumenta a cada dia. Estamos em uma situação em que temos números em que o Brasil pode responder. Eu falo de responsabilidade compartilhada. É uma emergência a nível local, sim. Mas também é uma situação humanitária que envolve o país. Com isso, a partir das informações que recebemos aqui, vamos trabalhar em medidas como assistência técnica, com base na experiência que temos, apoiando os municípios afetados”.
O UNICEF – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e excluídas.
Por conta do trabalho desenvolvido e voltado ao social, Boa Vista recebeu em 2016 o Selo Unicef, símbolo de reconhecimento internacional àqueles que apresentaram avanços em indicadores sociais no período de 2013 a 2016. O Município recebeu o selo ao cumprir as diretrizes de eixos como Impacto Social, Gestão de Políticas Públicas e Participação Social.
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